Numa manhã de maio de 2000, a advogada Thays Martinez e seu cão Boris saíram de casa para fazer história. Recém-chegados dos Estados Unidos ao Brasil, os dois tiveram a entrada barrada numa estação de metro, motivo: animais não eram permitidos nas instalações da Companhia do Metropolitano de São Paulo. E os funcionários da estação não deram sequer importância ao argumento de que cães-guia são indispensáveis para a autonomia de pessoas com deficiência visual como Thays, cega desde os quatro anos.
Thays, então, moveu uma acção judicial contra o Metro e, seis anos depois, conquistou uma histórica vitória no Tribunal de Justiça de São Paulo, fazendo a própria defesa com Boris a seu lado. Antes mesmo da decisão judicial que permitiu o acesso de cães-guia ao Metro da maior metrópole do Brasil, o caso de Thays e Boris já havia inspirado a aprovação de duas leis — uma estadual, em 2001, e outra federal, em 2005 — que garantem o acesso de cães-guia a todo e qualquer local público e privado de uso colectivo. A dupla também ficou conhecida graças às várias reportagens de que foi tema após o incidente, e Boris ainda foi considerado um herói da inclusão e da acessibilidade.
Mas a obra vai muito além da narrativa de um triunfo da cidadania. No vibrante resgate de suas memórias, Thays aborda, sobretudo, a sua profunda amizade com Boris, uma relação baseada na confiança e cumplicidade que deixa como legado uma comovente história de afecto para além da vida.
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